quinta-feira, 16 de julho de 2009

Naquela noite.


Em um salto, acordo suada e tremula, minhas mãos frias estão totalmente sem cor. A luz vinha do corredor e chegava a mim pela pequena fresta da porta. Ouvia vozes, sussurros; eles diziam que eu ia ficar bem se eu não soubesse de nada do que havia acontecido. Mas que de repente, uma ânsia tomou todo meu corpo, e não pude controlar aquele ato involuntário. Vomitei, e apenas deu tempo de virar a cabeça para não fazê-lo sobre a cama. As vozes continuavam do outro lado da porta, e diziam que seria apenas uma mentira branca (o que é mentira branca?), meus pés estava em brasas e eu não tinha forças pra me manter sentada. Apenas me lancei para traz e deitada fiquei. Queria entender o que tinha acontecido, o porque de eu estar tão mal, e porque aquelas vozes não queriam que eu soubesse de algo. Eles, pelo que entendi, queria me proteger de alguma coisa, mas, de que? Permanecia deitada e às vezes fechava os olhos para tentar me concentrar mais no que eu ouvia, mas por um instante as vozes outrora claras, agora eram apenas díberes, o que me assustava mais ainda. Meu coração disparou quando a luz no quarto começou a aumentar, a porta estava se abrindo. Eu fingia estar ainda dormindo, para tentar entender o que acontecia. Eles me olhavam fixamente. Eles eram altos e magros, usavam umas roupas folgadas, que mais pareciam batas de um hospital. Falaram algo que não entendi bem antes de se tentarem me acordar. Abri os olhos lentamente e um deles me disse que tudo ia ficar bem, que logo sairíamos dali e que eu esqueceria aquela noite tão estranha. Deu vontade de responder que eu já havia esquecido, mas minha voz não saiu. O outro sentou do meu lado e aplicou no meu braço algo que me deixou ainda mais sonolenta, até tudo se apagar de vez...

Agora, eu acordei num lugar completamente escuro, minha roupa está molhada, apenas o gotejar de uma goteira é o que eu ouço, nada mais. Mais que de súbito, na minha mente vem algumas imagens que suponho serem lembranças. Vejo meus amigos correndo, e gritando, eles pareciam desesperados, me vejo caindo, um deles ainda tenta voltar pra me buscar, mas outro o puxa e diz que não dá tempo, tudo fica escuro de novo. Em outro clarão vejo a praça, todos estão contentes, tomam sorvetes, e falam alto, o sol está bem forte; novamente escuridão. Vejo-me sendo arrastada pelos ombros, observo no meu pulso, meu relógio, eram 3h da madrugada.

Ouço um estampido do lado de fora de onde me encontrava, parecia um tiro. Desespero-me. Tento me levantar, mas as pernas ainda não obedecem ao comando. Resolvo que me fingir de morta é a melhor opção naquele momento. Uma porta se abre e entram pessoas vestidas de preto com armas em punho. Uma delas põe a mão em meu pulso, faz sinal de positivo com a cabeça, eles avisam pelo rádio e outras pessoas vêm me resgatar, me amarram em uma maca e me levam dali. Tudo se apaga novamente.

Dessa vez, em um hospital, minha avó está ao meu lado, me olhando piedosamente. Ela segura a minha mão e fala “Everything be a rigth” (estranho, pois ela não fala em inglês!). Meus olhos pesados se recusam a ficarem abertos. Durmo novamente.

O que acontece depois? Não sei, só sei que não mais acordo. Nunca mais,