quinta-feira, 13 de agosto de 2009


Hoje não vou descrever um sonho, mesmo porque sonhos são muito difusos e o que estou sentindo agora é bem concreto. Gostaria de entender, mas sua descrição se resume a um embrulho no estômago sem fim. Gostaria de entender para depois explicar, se é que é possível.

Ainda sinto o gosto estranho de ferrugem na minha boca, meus lábios vertendo sangue.

Ainda sinto uma dor nos meus olhos que mais parecem que eles estão fervendo. Essa dor pode ser chamada de desespero.

No começo de tudo, eu caminhava lentamente, buscando o equilíbrio. Onde ele estaria? Meus cabelos desgrenhados delatavam que eu não estava no meu estado normal.

O álcool que corria nas minhas veias fazia com que eu me sentisse leve, mas os primeiros sinais de enjoou já apareciam.

Mesmo assim, me sentia bem.

O carro parou do meu lado, e eu sem pudor nenhum disse que o maior prazer do mundo custava um valor que nem mesmo sei. Eles sorriram. Eram três. Abriram a porta do carro e me puxaram pra dentro. Gargalhavam.

As imagens sem definição começam a se confundir na minha mente. Colocaram-me no banco da frente, dois se esconderam atrás. Entramos em algum lugar com várias garagens e apenas uma cortina na frente de cada uma. Estacionamos.

Eles me puxaram do carro, já tirando a minha roupa. Meio sem forças, empurrei-os. Um deles colocou uma música e eu comecei a dançar. Durante a dança, tirava peça por peça de minha roupa. Eles babavam. Eles sabiam assistir a um strip tease. Um por um, levantaram-se e começaram a dançar comigo. Dava pra ver que eles não tinham pressa, que tinham, no mínimo, a noite toda.

Assim que tirei a ultima peça de roupa que cobria meu corpo, eles avançaram sobre mim como lobos. Mordiam-me e tiravam sangue de meus seios. Lambiam-me, limpado da minha pele todo aquele sangue.

Foi então que eu entendi aquele olhar de desejo, aquela paciência mórbida, aquelas peles frias. Eles eram vampiros, e o maior prazer do mundo que buscavam naquela noite não era o que eu estava disposta a dar. Eles queriam vida, eles queriam meu sangue.

Divertiram-se comigo por toda a noite, mordendo-me, beijando-me, tirando de mim meu sopro de vida. O álcool que havia no meu sangue fazia com que eles ficassem tontos, mas sem nunca perder seu foco.

Depois de muito resistir, depois de muito lutar, minhas forças foram acabando e eu apenas conseguia pensar na morte e nas coisas que eu queria ter feito e não fiz. Adormeci com a certeza de que não mais acordaria.

Mas acordei.