quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pesadelo de infância.


Hoje sonhei novamente com aquele homem. Aquela barba mal cheirosa, aquele suor em sua testa. Uma lembrança vaga da infância que por um lado eu gostaria de esquecer, mas que por outro lado é bom que ainda esteja viva em minha memória para que eu não permita que a mesma coisa se repita com outras pessoas.

Ele é irmão da vizinha da minha tia (ou era, faz tanto tempo que nem sei se ele continua vivo) era velho. Eu tinha uns 7 anos, mais ou menos e pra uma criança dessa idade qualquer pessoa com mais de 30 anos é velho. Lembro que ele era divertido, brincava muito comigo quando eu ia passar o fim de semana na casa da minha tia. Dava-me doces e brinquedos, eu adorava.

Uma tarde daquela época, eu brincava na rua. Ele estava olhando, parado na frente do portão. Ele me chamou, disse que queria me mostrar uma coisa. Eu fui. Entramos na casa, ele fechou as janelas (ou elas já estavam fechadas, não lembro, só sei que ficamos num lugar escuro). Ele sentou na minha frente, me deu um abraço. Fez-me ficar entre as suas pernas, abaixou minha calcinha, colocou seu ... (nossa, nesse tipo de texto não sei nem que palavra usar, já que tem tantos nomes e apelidos) pênis para fora. Ele mandava eu não olhar para baixo. Senti sua mão passando por entre minhas pernas, depois ele a cheirava. Depois senti seu pênis sendo esfregado em mim, eu não entendia o que estava acontecendo. Não era ruim, mas também não era agradável. Eu sentia o cheiro de suor e lembro que ele estava ofegante. Perguntei se eu já podia ir, que aquilo que ele tava me mostrando era chato e queria voltar a brincar. Ele dizia que já, já eu poderia voltar. Fez aquilo mais um pouco, mas eu não podia olhar. Não sei quanto tempo durou isso. Depois ele me vestiu novamente, me deu uns doces e mandou-me ir embora. Disse, também, que eu não poderia contar aquilo pra ninguém e que se eu não contasse, eu poderia ganhar mais doces. Eu fui, sorrindo, vitoriosa, dividi os doces com os coleguinhas da rua, mas não disse como havia ganhado.

Lembro que a mesma coisa aconteceu ainda umas duas vezes e depois ele sumiu. Nunca mais o vi. Talvez a família dele tenha descoberto e proibido ele de aparecer por lá com ameaça de mandá-lo pender (não sei se isso já era crime naquela época). Cresci normalmente, sem saber o que tinha me acontecido naquela tarde.

Quando completei 13 anos, questões sexuais começavam a se despertar em mim. Sonhei com aquele homem e finalmente entendi o que havia acontecido, mas por medo de represária, calei.

Agora, com mais de 20 anos, os sonhos se tornam mais freqüentes. Esse homem vem me visitar várias vezes por ano enquanto durmo. Um dia, tive impressão de vê-lo pela rua, vomitei, mas não falei nada.

Sim, meus queridos leitores. A autora desse blog, essa mente perturbada que deixa escapar por aqui certas confissões, já foi vitima de um pedófilo. E ele está por aí (se é que ainda está vivo), impune e quem sabe tocando outras crianças, meninas que acham que é só uma forma de conseguir doces de graça.

Pais, prestem atenção nas suas crianças. Agora elas o acharão chato, mas um dia eles entenderão que vocês fazem isso para protegê-las. Todos são suspeitos.