sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Enquanto espero os amigos na mesa do bar.

Não gosto de extremos.

Prefiro não ser a devassa,

Mas repudio quem me chama de santa.

Nunca quis ser a mais inteligente,

Me esforço para não ser a mais ignorante.

Só o meio me seduz,

Até mesmo a felicidade, quando é demais, desconfio,

Preciso do amargo da tristeza pra temperar.

Prefiro escrever de lápis,

A caneta me passa uma eternidade que não quero ter.

Enquanto procuro verdades

Mais me perco nos meus pensamentos.

Caminho pela chuva porque odeio calor,

Me pego reclamando do frio.

Não gosto de extremos,

Prefiro ser mediana.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Tubarão-Baleia

Vi esse texto no Blog Devaneios Esferográficos, aqui. Fiquei impressionada, agoniada. Vale a pena. Leia também.




Peso 55 Kg.
Quinta-feira é um ótimo dia pra começar uma dieta, não existe aquele compromisso da Segunda. Ainda mais quando se está gorda como eu estou. 54 kg, um absurdo. Nunca vou conseguir trabalho assim. Preciso emagrecer, preciso. Acho que nunca pesei tanto na minha vida, meus ossos pesam, minha barriga pesa, por deus até meu cabelo pesa. Mas isso eu tiro de letra, umas sopinhas de envelope, cortar os carboidratos, malhar é uma boa.

Peso 54 Kg.
Me desvairar dançando na pista ajuda. Suar, perder calorias, não comer. Dieta é para fracassados com seus livros de auto-ajuda eu sou forte e consigo sozinha chegar no peso que eu quero, emagrecer é a meta. Mas por hora transar com aquele cara alí me ajuda a gastar a energia que eu preciso e perder as calorias que eu necessito. E ah, ele é um gatinho, magérrimo, cobiço seu corpo esguio, deve ser um drogadito perdido na boate enquanto deveria estar num inferninho. Transamos no banheiro, nem sei o seu nome.

Peso 54 Kg.

Fiquei pensando sobre os drogados do mundo da música, todos eles são magros. Alguns muito magros, há muitos anos. Drogas emagrecem? creio que sim. Vou ligar pro rasta, quem saiba ele tenha algo que possa me ajudar.

Fumei maconha, um monte, exageradamente. Já tinha fumado antes, mas nunca nessa quantidade. Ai nossa, que fome, fumo mais e mais, para a fome não vir. Caio chapada e durmo.

Peso 54 Kg.

Conheci uma menina uma vez que disse ter perdido 10 kg cheirando coca, e ela era imensa de gorda. Bom, hoje ela é só gorda. Se eu começar a cheirar agora, pode ser que eu perca esses 11 kg, talvez um pouco mais. Quem sabe 12 kg? Vou sair, conhecer alguém que me venda essas coisas, preciso perder uns 13 Kg.

Gula, é um dos sete pecados capitais. Na idade média a porta das cozinhas eram estreitas para evitar que os padres gordos entrassem nela. Acho que as portas do céu devem ser assim também, bem estreitinhas. Se gula é pecado, gordo não entra no céu. São Pedro tem uma balança na entrada do céu, quem pesa demais vai direto pro inferno.

Peso 54 Kg.

Sinto fome, mas não vou comer. Somente tomar um copo de água. Vou sair, é na farra que eu perco essa barriga.

A cocaína ajuda, me dá ritmo, me estimula, faz algo vir lá de dentro e diz para eu não parar. Eu não quero parar, só quero dançar, ferver. Mas ainda sim odeio branco, branco e estampas florais engordam. Prefiro o preto.

Eu bem que poderia ter difteria, menos 12 kg na mesma semana. Iria ser ótimo. Mas como eu faço pra pegar isso? Minha mãe deve ter me vacinado contra. Que Droga! Acho que nem o Alface mais podre do final de feira vai me encher de vermes suficientes para que eu pegue essas doenças que fazem a gente evacuar com facilidade. Que droga.

Batata frita, uma não vai fazer mal. Nem essa, nem mais uma. Maionese, ketchup e mostarda. Com licença rapazes, vou ao toilet. Vomito. Ponho tudo pra fora. Sinto sede, água e mais água.

Peso 53 Kg.

Malditas Batatas, me fizeram engordar, estou ficando pesada com todo esse líquido, me sinto inchada. Tenho fome, vou comer algo sólido. Gelo talvez resolva, sinto o gelado no estômago, difícil é mastigar essa coisa. Mas Mata a sede e a fome.

Está um lindo dia de sábado, as pessoas vão fazer um churrasco, não quero ir. Vou cair na tentação, não posso, eu sou forte. Sábado é dia de descanso. Mas é um lindo dia de sol. Eu poderia ser como as plantas absorver a luz do sol, a água da chuva e sais minerais do solo, realizar a fotossíntese. Pena que não fico bem de verde. Fico um ogro, um imenso ogro verde. Vou desligar o celular e dormir, as pessoas vão acabar me ligando. Prefiro passar o sábado em casa sozinha do que na companhia dos meus amigos que não acham que eu preciso perder alguns quilinhos, e aquelas invejosas todas dizendo que estou magra. Quando na verdade estou imensa de gorda.

Peso 52 Kg.

Há quantos dias estou assim, há sei lá? Bebo água, um corpo humano pode ficar sem comer um mês, mas não sem água. Acho que é essa a resposta. Tomar sucos e outros líquidos. Líquido não engorda... Melhor ficar na água. Mas e refrigerante, é líquido, e engorda... ai não sei, melhor não pensar, só beber. Mas cerveja faz ganhar barriga, é... líquidos também podem ser nocivos a minha dieta, melhor maneira também.

Talvez arrumar um namorado fosse conveniente, sexo consome muitas calorias e ocuparia o tempo nesse domingo chato. Mas quem vai querer a obesa aqui?

Ligo a TV, um documentário sobre o tubarão-baleia. Gordo! Ele é o maior peixe do mundo pesa 12 toneladas, pensei que ele fosse meio mamífero meio peixe, mas ele é só peixe. Ele se alimenta sugando água, e organismos minúsculos que não podem ser vistos pelo olho humano ficam presos nas suas brânquias, guelras, ou sei lá como chamam.

Seria bom se eu tivesse brânquias, me alimentaria de seres unicelulares e ficaria bem magra. Comer quase nada e ficar magra. Apesar de fazer mal, comer é importante. Uma vez me disseram que é uma necessidade fisiológica, como respirar e fazer sexo. Sexo? hummm, talvez quem sabe. Mas teria de encontrar um daqueles tarados por gordinhas, pois não creio realmente que alguém vá me querer assim.

Respirar é fisiológico então? Mas e se eu sugar o ar pela boca, ela vai pro meu estômago? Parece uma boa idéia, me alimentar de ácaros e bactérias. Seres minúsculos que eu não vejo, me alimento sem ver, sou uma pessoa saudável.

Fico deitada o dia todo vendo tevê, a preguiça também consome gordura. Não comer é antes de tudo uma determinação, emagrecer é preciso.

Peso 51 Kg.

Desde que comecei a emagrecer tem esses pêlos na barriga, gostosos de passar a mão, minha mãe disse que a amiga dela que é médica disse que esses pelos são sintomas de anorexia e que eu preciso de tratamento. Bobagem. Não tenho anorexia, anoréxica são as pessoas que não percebem que estão magras. Eu não posso ser anoréxica, imensa do jeito que eu estou.

Quanta tristeza, e quem deixou esse pote de sorvete na geladeira? será que foi minha mãe? Napolitano, hum... Não quero. Não gosto de morango, só de chococolate e baunilha. Chocolate, um copinho só. Baunilha também. Ué, acabou? Não pode, o morango parece tão bom, e está mesmo, tão bom. Me enjoo, não gosto de morango. Banheiro: Arhg! Sai, sai desgraça. Escorre pelo ralo desgraça rosa. Engraçado, eu não lembro desses pontos mais avermelhados no sorvete.

Fico alí olhando o meu vômito, percebo que tem sangue nele, misturado ao sorvete. Aquilo é estranho, mas sei lá. Se acontecer de novo, devo ter algum problema.

Peso 50 Kg.

O Cabelo grande, ele deve pesar demais, vou cortar um palmo. Não, não foi o suficiente, outro palmo. Mais curto, mais curto, mais curto. Agora sim! agora. Pareço alguém com Leucemia agora, que merda eu fiz? Meu cabelo, ai meu cabelo. Tanto tempo para crescer e ficar bonito, cabelo pesado e grosso, era você que não deixava eu chegar onde eu queria, se soubesse tinha cortado você antes. Ainda mais assim, seco e suicida.

E então espelho, careca é futurista o suficiente para você?

Peso 49 Kg.

Tenho de desfilar hoje, me mandaram um vestido com listras horizontais, não quero, não vou usar, não vou desfilar, essas listras me deixam gorda. Acho que meu agente faz isso de propósito. Odeio-o. Mas ele vai ver, vou ficar magrinha e vou ser a primeira a escolher o vestido que vou usar. Quero um copo de água, sinto certa tontura. Água com açúcar! Não, não, com adoçante.

Respiro pela boca, vou comer meus bichinhos. Pequeninos e delíciosos.

Peso 48 Kg.

Estava deitada, vendo uma revista dessas de super-herói que meu irmão coleciona. Acho que voar gasta muitas calorias, por isso não existem super-heróis gordos. Como não se pode voar, não existem super-heróis gordos. Na verdade nem super-heróis existem, só gordos. Gordos como eu.

Cancelei os meus trabalhos, não quero modelar enquanto não estiver em forma.

Preciso mastigar, acho que é uma necessidade. Gelo.

Peso 47 Kg.

Estou com fome, água. Encho a barriga de água. Me sinto cheia demais, vomito. Um gosto ruim na boca. Preciso comer algo. Estou com fome, respiro pela boca. Vou para perto do tapete. Respiro, respiro, respiro. Fico ali por horas, quase em transe. É a minha meditação e minha dedicação, não se emagrece sem esforço e sem vontade.

Penso a respeito de tudo, tudo que importa estar magra ou não. Começo a me sentir mal, nunca ouvi dizer de ninguém que se alimente de organismos microscópicos. Quem os come? Não sei, não faço idéia. Será que só eu como? Como eu estou sendo gulosa. Quantos milhões de ácaros, fungos e bactérias eu ingeri nesses dias sozinha? Vou ficar gorda desse jeito. Preciso parar de fazer isso, preciso parar. Comer está me fazendo mal.

Não quero mais água. Não quero mais respirar, preciso parar de ser gulosa. Uma glutona. Meu Deus, eu estou comendo demais. Não agüento isso. Vou parar de comer, parar de respirar esse malditos micróbios que me engordam.

Peso 46 Kg.

Me disseram que eu tive uma parada respiratória. Que eu poderia entrar em coma, eu tenho anorexia, e que vou passar por tratamento psicológico. Mas não quero saber nada disso. Quero saber é quantas calorias tem esse soro.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

E numa festa qualquer...


- Hey, tu aí. O que tu ta olhando?

- Eu?

- É tu mesmo, piranha. Que que tu ta olhando pro meu namorado?

- Só to olhando.

- É isso aí. Por que tu ta olhando pro meu namorado?

- Ué! Porque ele é bonito.

- Mas ele é meu namorado.

- Parabéns! Você tem sorte.

- Cara de pau, você, hein?! Só sendo muito puta pra falar uma coisa dessas, assim na minha cara!

- Ainda mais essa! Não foi você mesmo que perguntou?

- Sim. Mas você não pode ficar olhando pra ele assim.

- Claro que posso! Ele está na rua, num lugar público. Quem quiser olhar pra ele, aqui, pode.

- Que papo é esse?

- Não quer que ninguém olhe pra ele, não deixa ele sair de casa, ora!

- É muita ousadia tua vir me falar uma coisa dessas!

- É muita ousadia sua vir querer mandar pra onde eu posso ou não olhar.

- Mas ele é meu namorado.

- E esses são os meus olhos. Eu olho pra onde eu quiser.

- Ai, sua vagabunda! Vai já olhar o soco que eu vou te meter na cara.

- Quer me bater? Vem, me bate. Mas você vai presa.

- Tu sabe com quem tu ta falando?

- A muito contragosto, com uma patricinha egoísta e barraqueira que acha que porque alguém aceitou namorá-la, essa pessoa virou sua propriedade.

- Ai! Olha aqui, sua vagabunda...

- Uau! Olho nada. Prefiro olhar pra aquele gato que acabou de entrar. O que você acha?

- Nossa! Que Adônis! Pena que com uma namorada tão feia. Ele merecia mais.

...

FINAL ALTERNATIVO

- Tu sabe com quem tu ta falando?

- A muito contragosto, com uma patricinha egoísta e barraqueira que acha que porque alguém aceitou namorá-la, essa pessoa virou sua propriedade.

- Ai! Olha aqui, sua vagabunda...

E a barraqueira partiu pra cima da nossa heroína e bateu nela.

Nossa heroína processou a barraqueira, mas ela era filha de um desembargador e a nossa heroína foi condenada a pagar uma indenização de R$10000 por danos morais.

O namorado gato continua com a barraqueira filha do desembargador. Ela é rica e dá tudo que ele quer.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

por Charles Chaplin


A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Meus erros.


Poucas coisas nesse mundo ainda são individuais.

Poucas coisas, nesse mundo ainda podem ser consideradas inteiramente minhas.

Há coisas, porém, que não abro mão. Quero que sejam minhas e que ninguém as tome de mim.

Meus erros são algumas dessas coisas.

Eles são tão meus, tão inteiramente, tão amargamente meus, que ninguém deveria ter o direito de querer tomá-los de mim.

Mas insistem em querer até isso.

NÃO! Meus erros, e tudo que os cerca, são meus e vou lutar pelo direito dessa posse.

Não tente concertá-los, encobri-los. Eu preciso deles. Eu preciso aprender com eles. Deixe-me quebrar a cara. Deixe-me perder o que amo. Deixe-me sangrar. Tire-me dessa redoma de vidro que me colocastes onde só consigo ouvir a sua voz. Deixa-me livre pra errar e aprender com meus erros. Eu tenho esse direito.

Pare de falar. Deixe-me por minha conta. Quem sabe assim eu consiga crescer.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010


Ele não parava de se mexer na sua cama. Rolava de um lado pro outro. Alguma coisa muito séria o incomodava. Justo ele que sempre teve um sono de pedra. Ele dormia com uma paz que nenhum pecador seria capaz de alcançar. Ela dizia que ele poderia ser um anjo. Mas naquela noite ele não parava de se mexer.

Ela não conseguia dormir, e não era por causa dos balanços que ele causava na cama. Para ela, essa noite inquieta era natural, logo mais cedo havia recebido uma notícia que abalaria qualquer universo. Depois de 7 anos de casados, 3 anos de tentativas, finalmente ela estava grávida. Iriam realizar o sonho que sempre cercou o casal. Ela não cabia em si de felicidade e glória, não conseguia dormir, extasiada.

Ele até conseguiu dormir, porém não parava de se mexer. Ela virou-se, ficou olhando para ele em seu sonho perturbado, achava aquilo lindo, ficava imaginando que loucuras estariam passando por sua mente, que planos estaria fazendo para o futuro dos três, finalmente, uma família feliz.

Ele, em seus sonhos mais loucos e perturbados, perguntava-se o que deveria fazer com aquela situação, com aquela mulher que tinha um filho seu na barriga e que não amava mais. Perguntava-se o que faria com aquela outra mulher, aquela que alimentava seus sonhos há um ano, aquela que era responsável por todos os seus sonhos mais belos, aquela que ele estava disposto a largar tudo para segui-la. Aquela que dormia tranquilamente, não muito distante dali, tranquilamente, sonhando com o seu amor.

Esta outra, no entanto, neste exato momento, esbaldava-se de luxuria com o homem que amava, noite a fora, bebendo e comemorando, transando pelos becos da cidade, numa farra sem fim. Eles sorriam, cantavam e beijavam. O homem que a acompanhara agora estava especialmente feliz, tinha recebido a notícia, logo mais cedo, que sua filha o daria seu primeiro neto.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Paixão


Teu corpo a meia luz me encanta. A penumbra que define os gomos da sua barriga me deixam extasiada. Observo teu peito subindo e descendo no ritmo calmo da tua respiração.

Como podes ser assim? Como tua beleza pode me preencher dessa forma? Fico feliz só de te ver dormir, de observar a serenidade na tua expressão.

Quero parar esse momento agora e ficar assim pra sempre, vendo teu corpo, tua respiração, sentido teus sonhos.

Dorme... dorme meu anjo. Deixa que eu cuido de ti. Não deixarei nada atrapalhar teu descanso. Dorme. Quando acordares, estarei aqui.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Pesadelo de infância.


Hoje sonhei novamente com aquele homem. Aquela barba mal cheirosa, aquele suor em sua testa. Uma lembrança vaga da infância que por um lado eu gostaria de esquecer, mas que por outro lado é bom que ainda esteja viva em minha memória para que eu não permita que a mesma coisa se repita com outras pessoas.

Ele é irmão da vizinha da minha tia (ou era, faz tanto tempo que nem sei se ele continua vivo) era velho. Eu tinha uns 7 anos, mais ou menos e pra uma criança dessa idade qualquer pessoa com mais de 30 anos é velho. Lembro que ele era divertido, brincava muito comigo quando eu ia passar o fim de semana na casa da minha tia. Dava-me doces e brinquedos, eu adorava.

Uma tarde daquela época, eu brincava na rua. Ele estava olhando, parado na frente do portão. Ele me chamou, disse que queria me mostrar uma coisa. Eu fui. Entramos na casa, ele fechou as janelas (ou elas já estavam fechadas, não lembro, só sei que ficamos num lugar escuro). Ele sentou na minha frente, me deu um abraço. Fez-me ficar entre as suas pernas, abaixou minha calcinha, colocou seu ... (nossa, nesse tipo de texto não sei nem que palavra usar, já que tem tantos nomes e apelidos) pênis para fora. Ele mandava eu não olhar para baixo. Senti sua mão passando por entre minhas pernas, depois ele a cheirava. Depois senti seu pênis sendo esfregado em mim, eu não entendia o que estava acontecendo. Não era ruim, mas também não era agradável. Eu sentia o cheiro de suor e lembro que ele estava ofegante. Perguntei se eu já podia ir, que aquilo que ele tava me mostrando era chato e queria voltar a brincar. Ele dizia que já, já eu poderia voltar. Fez aquilo mais um pouco, mas eu não podia olhar. Não sei quanto tempo durou isso. Depois ele me vestiu novamente, me deu uns doces e mandou-me ir embora. Disse, também, que eu não poderia contar aquilo pra ninguém e que se eu não contasse, eu poderia ganhar mais doces. Eu fui, sorrindo, vitoriosa, dividi os doces com os coleguinhas da rua, mas não disse como havia ganhado.

Lembro que a mesma coisa aconteceu ainda umas duas vezes e depois ele sumiu. Nunca mais o vi. Talvez a família dele tenha descoberto e proibido ele de aparecer por lá com ameaça de mandá-lo pender (não sei se isso já era crime naquela época). Cresci normalmente, sem saber o que tinha me acontecido naquela tarde.

Quando completei 13 anos, questões sexuais começavam a se despertar em mim. Sonhei com aquele homem e finalmente entendi o que havia acontecido, mas por medo de represária, calei.

Agora, com mais de 20 anos, os sonhos se tornam mais freqüentes. Esse homem vem me visitar várias vezes por ano enquanto durmo. Um dia, tive impressão de vê-lo pela rua, vomitei, mas não falei nada.

Sim, meus queridos leitores. A autora desse blog, essa mente perturbada que deixa escapar por aqui certas confissões, já foi vitima de um pedófilo. E ele está por aí (se é que ainda está vivo), impune e quem sabe tocando outras crianças, meninas que acham que é só uma forma de conseguir doces de graça.

Pais, prestem atenção nas suas crianças. Agora elas o acharão chato, mas um dia eles entenderão que vocês fazem isso para protegê-las. Todos são suspeitos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Uma denúncia.

Esse e-mail, eu recebi do Nilson Fernandes. Um homem esforçado que já foi meu professor de Francês. Segue seu desabafo.


Bonjour à tous,

Quero compartilhar minha revolta através do texto abaixo

Bisous sucrés

Nilson Fernandes

Como descrever o sentimento de um brasileiro paraense incansável lutador por seus objetivos de vida, quando sua esperança de ter seu direito de assumir um cargo público, por ele merecido, é castrada ao não ser convocado pela governadora, apesar de ter sido o primeiro lugar? A mistura de sentimentos é tamanha que só talvez tentando separá-los é que os outros possam compreendê-lo: vergonha, por diante dos outros concorrentes não aprovados ver a nulidade de seu esforço; revolta, por saber que na “terra de direitos” o direito do cidadão só é real no slogan; “descidadania”, não é possível ter orgulho de um Estado cujo governo brinca com a dignidade dos seus; impotência, passarei eu anos com ação judicial para TENTAR assumir o fruto do esforço e da renúncia ( quanto deixei de viver dedicando-me a isto!); tristeza e decepção, sonhei com um Pará justo ao apoiar este governo no último pleito; ...; e fé, apesar de tudo, afinal não posso permitir que meus sonhos sejam ceifados por quem quer que seja. Fui aprovado no último concurso (C154) da Seduc, para professor de Francês, e assim como eu, outros foram excluídos do decreto que convocou alguns outros aprovados. Qual a justificativa do governo se as vagas estavam muito bem descritas no Edital? Ficarão os alunos sem estudar estas disciplinas até o final do ano? Onde está o Ministério Público com quem o governo havia feito acordos para assumirmos nossas responsabilidades? Com a mais absoluta certeza, o respeito não é forte deste governo que só não tem medido esforços (aqui inclusos, esforços até ilegais segundo a mídia) para manter-se na direção ineficaz deste Estado. Talvez eu seja mais digno, sendo professor cidadão de um outro Estado ou país. É o que pretendo fazer!!!

Nilson Fernandes

Obs: Podem repassá-lo se acharem que devem .fazê-lo


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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Sono e nada mais.


Estamos deitados na minha cama. Os olhos inchados de chorar. Passo a mão suavemente nos seus cabelos olhando bem dentro dos teus olhos.

- O que fizemos conosco?

- Estou com sono. Não quero mais falar sobre isso.

Você me puxa para seus braços. Ficamos ainda mais próximos um do outro. O sono está me dominando. Os olhos que já estão pequenos, não se fechando devagar. Você me aperta contra seu peito. Durmo sentindo seu calor e uma inesperada paz.

Sonho com você, com armas e rosas. Sonho com sangue em minhas mãos e muitas lágrimas. Penso: como é “lágrima” em inglês. Acordo com aquela dúvida, pensando em procurar no dicionário.

Por um instante, esqueço a palavra, pois sinto frio. No quarto escuro, procuro pelo seu toque, seu corpo. Não estás mais lá.

Penso em levantar, em te procurar pela casa.

- Talvez ele só tenha ido ao banheiro.

Mas uma desesperança me assola. Esqueço qualquer outra possibilidade. Você se foi e fechou a porta ao sair. Voltei a chorar, sozinha, no escuro, em silêncio. Durmo exausta, sem querer mais pensar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Caminho


Até aqui caminhei tranquila. Só a força do pensamento me acompanha.
A esperança é minha maior maldição. Ela que não me deixa desistir.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

quarta-feira, 23 de junho de 2010

MAGENTA


Quando fico puta fico magenta...
Magenta é uma cor indefinida.
Não é vermelha, não é rosa,
É magenta.
Fico assim, indefinível, indecifrável,
Puta.
Não to com raiva, nem triste,
Estou puta.
Magenta é uma cor,
Puta é um estado de espírito.
Por mais que eu consiga ser,
Não consigo decifrar.
To puta com a vida
To magenta na pele.
Excesso de magenta na pele é bronzeado
Excesso de putisse na vida é vadiagem.
Não sou puta
Ser puta é diferente de estar puta.
Dou sem cobrar dinheiro,
Mas posso ser mais cara que a mais cara das putas.
Ser magenta é diferente de estar magenta.
Sendo magenta sou glamourosa, poderosa, brilhosa.
Estando magenta estou puta.
É só se concentrar um pouquinho que a gente se entende.

terça-feira, 22 de junho de 2010

...


Parei na contramão e só pra variar, cantei alto e desafinadamente sem me importar com ouvidos e opiniões. Apenas me permiti ser feliz por alguns minutos, antes de voltar pra minha caixa escura de incertezas e lágrimas.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pífio



É engraçado e belo a forma com que tratamos certas fantasias. Sabemos que são apenas fantasias, sabemos que aquilo só existe na nossa cabeça, mas elas, por vezes, refletem na nossa vida real, e não temos controle.
Outro dia eu estava deitada no sofá de casa. Depois de zapear por todos os canais disponíveis na TV e não achar absolutamente nada que despertasse meu interesse, desliguei a televisão e fiquei apenas olhando para o teto.
Mais do que de repente, não estou mais na minha sala, mas em uma casa que parece ser só minha. Túlio chegou e sentou-se ao meu lado. Deitei minha cabeça no seu colo e perguntei “tem algum problema eu receber uma pessoa pra ficar hospedada aqui?” “claro que não, a casa também é sua. Quem é?” “meu ex namorando, Rodrigo”. Ele olhou pra mim, bem no fundo dos meus olhos, ele sabia tudo que havia permeado a nossa separação, sabia de tudo que eu havia passado e o quanto a mudança para Curitiba havia sido fundamental para que eu voltasse a ficar bem comigo mesmo “você tem certeza que quer recebê-lo aqui na sua casa?” “acho que tudo que aconteceu já faz tempo, ele agora precisa de um lugar pra ficar por uns dias, não queria deixá-lo num hotel” “ok, você é quem sabe”. Túlio, como sempre, me tratava como adulta, por mais que eu merecesse umas palmadas de vez em quando, ele não o fazia, a não ser que eu pedisse (risos). Passando as mãos nos meus cabelos, fomos entrando num clima cada vez mais envolvente. Acabamos nus, na cama, como já era de praxe.
No outro dia, lá estava Rodrigo, em casa. Eu, arrumando a sala onde ele ficaria hospedado, já que o apartamento só tinha dois quartos, o meu e o de Túlio. “Obrigado por tudo que você está fazendo por mim. Não queria mesmo ter que ficar num hotel” dizia Rodrigo com um vasto sorriso no rosto “apenas estou ajudando um amigo” eu tentei rebater, mas o clima mudou repentinamente, “Você sabe que se eu quisesse, eu poderia ter pagado um hotel, e que se eu estou aqui não é por falta de opção, não é?” “não. Você me pediu ajuda e eu estendi minha mão” “vai dizer que você não tinha nenhuma segunda intenção?” “de verdade, não. Apenas queria te ajudar mesmo. Não tenho por que querer reviver o que foi enterrado a muito custo” “mas eu quero”. O ataque foi certeiro, diretamente na nuca, não tem como resistir. Me deixei levar pela emoção e as palavras dele me deixavam arrepiada “nossa que saudade desse teu cheiro, dessa tua pele macia”, eu não conseguia dizer nada, estava desarmada. Descobri em mim uma saudade daquelas mãos que eu nem sabia que existia. Não consegui me conter e acabamos ali, no tapete da sala, nos possuindo, como há muito tempo não fazíamos.
Túlio chegou em casa e nos viu ali, deitados, nus, o cheiro de sexo era forte no ar. Ele me olhou decepcionado, foi para o quarto, fez uma mochila e saiu novamente, mas não sem dizer “quando ele for embora de novo, como ele sempre faz, eu volto”. Um nó forte na minha garganta me impediu de ir atrás dele, ou de gritar, ou de chorar, qualquer coisa. Apenas fiquei ali. Rodrigo sentou-se, me abraçou por trás e disse “não liga pra ele, você sabe que ele sempre volta, você sabe que eu sempre volto. Alias, não há quem consiga ficar longe de você por muito tempo”. Segurei forte a sua mão foi quando senti algo que não havia percebido antes. Em seu dedo anelar esquerdo, algo frio, roliço. Tinha medo de olhar, mas olhei. Uma aliança selava o compromisso de Rodrigo com alguém que eu não conhecia. Segurei a aliança entre o polegar e o indicador, fazendo-o perceber que notei; “casado?!” “sim, tem um ano e meio, temos uma filha linda, a Clarinha, quer ver?” e na maior tranquilidade, se levantou, foi até sua mala e trouxe seu notebook e passou a me mostrar as fotos da sua família. Vi tantos rostos sorridentes que dentro de mim foi se formando uma mágoa enorme, e tudo de ruim, que eu um dia havia enterrado, veio à tona num misto de ódio e loucura.
Uma campainha soou, eu levantei e fui atender. Era Rodrigo, meu namorado, que veio me buscar pra sairmos. Gritei com ele, chamei-o de traíra e bati a porta na cara dele. Tudo isso não pelo que ele me fez, mas por aquilo que um dia ele poderia vir a me fazer.

terça-feira, 23 de março de 2010

E na semana Santa...


É hoje. Deposito todas as minhas esperanças num único dia. Faz mais de sete anos que não nos vemos. Eu e Luis, meu primo Luis.
Foi naquela Semana Santa que eu, meus pais e meus dois irmãos fomos passar na casa dele, na verdade um lindo sítio. Eu tinha apenas oito anos e ele por volta dos nove. Antes disso sempre nos encontrávamos. Praticamente todos os finais de semana brincávamos juntos, coisa de criança, sabe. Mas naquela Semana Santa foi diferente.
Chegamos como sempre e foi aquela festa. Todas as crianças correndo para lá e para cá. Quinta feira, tudo normal. Correria e bagunça, afinal éramos sete crianças, eu, meus irmãos, ele e seu irmão e mais duas primas, todos na mesma faixa de idade, livres num sítio, livres como passarinhos.
No dia seguinte, o silêncio incômodo de toda Sexta Feira da Paixão. Crianças odeiam a sexta feira da Paixão. Não pode falar alto, não pode correr, não pode pular, não pode, não pode, não pode. Tem que pedir a benção dos pais, dos tios e dos avos de joelhos e passar o dia todo cabisbaixo. Eu realmente odiava a Sexta Feira da Paixão.
Naquele clima de luto, precisávamos encontrar alguma coisa que pudéssemos brincar sem que os adultos viessem reclamar. Resolvemos brincar de caça ao tesouro. Precisávamos procurar no sítio algo bem valioso, tudo em silêncio. Quem trouxesse o item mais raro, venceria a prova, nossa avó julgaria. Luis decidiu que seria de dupla e eu fui seu par. Começamos a andar pelo sítio em silêncio procurando algo bem valioso para levar. Depois de muito procurar, cansei e sentei na beira do rio para molhar meus pés e descansar. Ele sentou ao meu lado e ficamos ali, em silêncio, com os pés na água e olhando as árvores. “Posso te contar um segredo?” ele perguntou, “Fala”, “Sonhei com você”, “Como era o sonho?”, “Sonhei que a gente era grande e você tinha um bebê” “E como você sabe que era eu?”, “Não sei, mas eu sabia. Você era bonita”. Apenas sorri e me deitei na terra. Ele fez o mesmo por um instante. Depois se virou, ficando de bruços, seu ombro encostava-se ao meu. Ficamos em silêncio por um tempão, até que ele falou, chegando bem pertinho do meu rosto, “Era a mulher mais bonita que eu já vi”. Meu coração acelerou, não sei se pelo que ele disse ou por ele está assim, tão pertinho de mim. Fiquei olhando para ele, ele chegou mais perto. Bem de leve, ele tocou seus lábios nos meus. Só o que eu consegui fazer foi fechar meus olhos e curtir a sensação gostosa que eu estava sentindo.
Quando separamos nossos lábios, sentamos. Eu olhei para a água e vi uma pedra brilhante, muito bonita. Pegamos a pedra e voltamos sem dizer uma só palavra um ao outro.
Hoje sei que a pedra que achamos era um cristal, um quartzo rosa, para ser mais exata. Claro que com um item daquele, comparado com um sapinho, um limão e um pedaço de carvão, ganhamos a brincadeira.
No Sábado de Aleluia, sempre encontrávamos uma maneira de ficarmos sozinhos para nos beijarmos. Meu coração parecia que ia saltar pela boca. No domingo de Páscoa, depois de procurarmos e acharmos nossos ovos, ele me chamou para o canto e me deu uma banda inteira do ovo que ele havia ganhado. Eu fiquei tão feliz que peguei uma banda do meu ovo e o presenteei também. Comemos nossos ovos, sentados a beira do rio que demos nosso primeiro beijo. No mesmo dia, à tarde, tivemos que nos despedir, foi triste, eu não queria ir, mas não teve jeito.
Naquele ano, os pais deles se separaram e ele foi morar na Itália, com sua mãe. Por conta disso, não nos encontramos no Natal, nem na Páscoa seguinte nem na seguinte. As Semanas Santas no sítio não eram mais tão divertidas.
Eu cresci, namorei, aprendi muita coisa e até pensei que eu havia deixado aquilo que aconteceu naquela Semana Santa para trás, apenas uma boa lembrança. Mas há um mês, aproximadamente, minha mãe me contou que Luis estava morando com o pai, na mesma fazenda, há seis meses. Parece que havia se desentendido com a mãe e resolveu voltar ao Brasil. Fiquei tão feliz, até eufórica. Com a Páscoa se aproximando poderia vê-lo novamente. Fui ao supermercado e comprei um super ovo de Páscoa para ele.
Lá vamos nós. No carro fico imaginando como ele estaria hoje em dia. Será que tem espinhas? Será que usa cabelo comprido? Será que usa óculos? Será que tem tatuagens ou brincos? Será que ele está alto, magro, gordo? Tem borboletas no meu estômago e eu não imaginava que eu fosse me sentir assim ao vê-lo novamente.
Chegamos ao sítio. Meus pais estacionam e começamos a descarregar a bagagem. Logo vejo vindo e nossa direção, para nos receber, meu tio, sua mulher e o Igor, irmão do Luis, que não foi para a Itália com a mãe. Abraço a todos como de costume. Puxo Igor de lado e pergunto “Cadê o Luis? Minha mãe falou que ele voltou”, “Está lá dentro. É que ele acordou agora e deve está terminando de se arrumar”.
Preciso conter a minha ansiedade, estou parecendo uma criança de 11 anos. Tentando parecer o mais natural possível, entro carregando minha bagagem para colocá-la no quarto. Dou uma volta pela casa até topar “acidentalmente” com Luis. Nossa! Ele está lindo! A pele não tem espinhas, uma altura mediana, ideal para mim, com os cabelos castanhos cacheados, lindos, usa um pequeno brinco e cada orelha e nada de tatuagens (pelo menos nenhuma que dê para notar assim de primeira). O meu sorriso ao encontrá-lo é largo e espontâneo. A reação dele ao ver-me é, no mínimo, surpreendente. Depois de um grito histérico, ele corre, me abraça, me suspende no ar e começa a me girar. “Priminha, que saudades eu estava de você!” ele finalmente diz em meio a pulinhos, “Eu também estava com muitas saudades”, “Nossa, mas você está um mulherão, hein! Linda e poderosa” apenas sorri, tentando não acreditar no que parecia óbvio “Vem cá, preciso te apresentar uma pessoa” disse ele puxando-me pelo braço, me leva até seu quarto onde um rapaz magro, de olhos claros e cabelos pretos, está sentado ao computador com um headphone nos ouvidos. “Filipe, esta é a minha prima, aquela que te falei”. Filipe se levantou, me deu dois beijinhos e falou que finalmente conheceu a pessoa que Luis mais falava. Com sorrisos sem graça, finalmente me lembro do ovo que havia comprado. Abro a mochila, o pego e entrego para Luis, “Como fazia muito tempo que não te via, resolvi comprar esse presentinho para você. Espero que pelo menos esse gosto você não tenha mudado”, Luis dá uma grande gargalhada, abraça Filipe e dá-lo um selinho. Meio sem perceber, um grande sorriso se abre em meu rosto ao ver a felicidade e a vitalidade deste meu primo que não via há tanto tempo. Sinto que essa Semana Santa vai ser ótima, tão inesquecível como a última em que Luis e eu passamos juntos.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Bruta flor (do querer)


Não costumo postar coisas de outras pessoas. só quando gosto muito. Por isso, lá vai..



"Onde queres revólver sou coqueiro
E onde queres dinheiro sou paixão
Onde queres descanso sou desejo
E onde sou só desejo queres não
E onde não queres nada, nada falta
E onde voas bem alto eu sou o chão
E onde pisas o chão minha alma salta
E ganha liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco
E onde queres romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco
E onde queres eunuco, garanhão
Onde queres o sim e o não, talvez
E onde vês eu não vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão
E onde queres cowboy eu sou chinês
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou espírito
E onde queres ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo
E onde buscas o anjo sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói
E onde queres tortura, mansidão
Onde queres um lar, revolução
E onde queres bandido sou herói
Eu queria querer-te e amar o amor
Construir-nos dulcíssima prisão
Encontrar a mais justa adequação
Tudo métrica e rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés
E vê só que cilada o amor me armou
eu te quero (e não queres) como sou
Não te quero (e não queres) como és
Ah! bruta flor do querer
Ah! bruta flor, bruta flor
Onde queres comício, flipper-vídeo
E onde queres romance, rock'n'roll
Onde quers a lua eu sou o sol
E onde a pura natura, o inseticídio
Onde queres mistério eu sou a luz
E onde queres um canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro
E onde queres coqueiro sou obus
O quereres e o estares sempre a fim
Do que em mim é de mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal
bem a ti, mal ao quereres assim
Infinitivamente pessoal
e eu querendo querer-te sem ter fim
E querendo-te aprender o total
Do querer que há e do que não há em mim"

(autor desconhecido)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Numa bela tarde...


Numa bela tarde, Maria decidiu fugir.
Apaixonada, abandonou suas aulas normais para passar a tarde com seu amor a beira do rio.
Sua mãe havia condenado, avisado. Seu pai havia batido, deixado de castigo, mas nada poderia contra aquela paixão. Ela continuou, sem se importar com nada, continuou. Amou.
E naquela tarde, bela tarde, ela resolveu por em prática tudo que havia aprendido nos romances e magazines de lia. Havia estudado bastante e estava pronta. Combinou com as amigas e todas estavam tão empolgadas quanto Maria.
Na hora combinada, lá estava ela, parada no portão dos fundos do colégio, com seu uniforme bem arrumado por sua mãe e por baixo, uma combinação branca, novinha, que guardara somente para essa ocasião.
Ele chegou sorridente e ao vê-la tão linda e tão cheia de pureza, seu coração se encheu de paz.
Caminharam pelas pequenas trilhas até o riacho. Chegando lá, sentaram-se, beijaram-se, sorriram-se. Ele olhava para ela e via a luz de um anjo. Na mente de Maria, aquela deveria ser uma tarde inesquecível.
Entre beijos e sorrisos doces, Maria segurou a mão do ser amado, levemente, beijou-a e a pousou, com doçura, sobre seu seio esquerdo. Ele, com o susto, tentou tirar, mas ela insistiu, dessa vez apertando a mão do jovem rapaz contra seus seios fartos e nunca antes tocados. Corações a mil.
Ele sentiu um calor vindo sobre suas calças, algo que ele não gostaria de estar sentindo. Olhou apavorado para Maria e ela o sorriu, com o rosto mirado para baixo e o olhar fixo nos seus olhos. Maria beijou-o fortemente, como mandava o romance que lera. Ele resistiu, empurrando os ombros de Maria para longe do seu corpo, mas não conseguiu evitar. O calor que o abrasava agora era mais forte, e Maria parecia realmente decidida, e seu corpoera tão macio, tão delicado, tão perfumado.
O jovem rapaz agora estava inebriado com a situação e Maria continuava a fazer o que tantas vezes ensaiou em seu quarto. Ele agora não estava mais em si. Segurou Maria com força e arrancou seu uniforme. O lindo uniforme, passado e engomado por sua mãe agora estava rasgado. O olhar de Maria mudou, não era bem assim que contava nos magazines.
Ele estava enfurecido, abocanhou os seios de Maria, chupando-os com força e ela gritava de dor, não sabia se aquilo era normal. A linda e delicada combinação que havia escolhido, agora estava úmida de suor e medo.
Com força, abriu as pernas de Maria, abaixou suas calças e enfiou com força, tudo o que tinha, arrancando um grito pavoroso da jovem ex-donzela. Ele não parou, ela tentava conte-lo, mas ele segurava forte seu pescoço e batia-lhe na cara e ria, nossa, como ria descontroladamente, pelo prazer que sentia e pela dor que proporcionava.
Cada vez com mais força ele socava naquela jovem, e Maria chorava, gritava, mas não adiantava. Ele estava descontrolado, forte e buscava unicamente sua própria satisfação. Até que, com o aumento da velocidade e pressão, ele gozou feliz, respirando fundo e sentindo o céu aos seus pés. Maria apenas chorava.
Ele levantou-se e percebeu o que havia feito. Pegou o que era seu e correu, fugiu, assim como Maria de seus pais. Ele não queria olhar para trás e ver o que havia feito, tamanha era a barbaridade. Foi-se.
Maria ficou lá, deitada no chão, chorando de dor e tristeza, com sua linda combinação branca suja de terra e sangue, se perguntando que parte dos romances e magazines havia se esquecido de ler.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Sábado


Estou aqui de novo e mais uma vez gritando para que alguém me tire desde buraco que eu mesma cavei e acabei ficando presa. Sou assim tão complicada? Ou será que sou tão simples, mas tão simples que as pessoas não entendem por acharem que sou obvia demais? Aquele frio no estômago de antes agora é um poço sem fundo, a dor chega a ser lancinante. Nunca passei fome, mas gostaria. Gostaria de enteder tudo a minha volta e passar a dar mais valor a tudo que eu tenho. Gostaria de aprender a viver com menos. Todos podem. Não preciso de tanta coisa que almejo que quando percebo, não sobra espaço, na minha ambição, para as coisas realmente importantes. DEUS, ME DÊ UM POUCO MAIS DE HUMANIDADE. QUERO DEIXAR DE SER ESSE ANDRÓIDE COMPETITIVO E SEM ALMA QUE O SISTEMA FORJOU. Ele me escuta? Será que ele está lá em cima, no céu, no espaço, ou será que ele é a minha consciencia? Será que eu sou um universo e o céu em que ele se encontra é a minha mente? Ele fala comigo, mas por vezes não entendo. Gostaria de ter o dom da palavra, ser mais ousada, mais corajosa, me desapegar de costumes e tradições que sempre me foram passadas como verdade mas que hoje se revelam simples ferramentas de manipulação, um jogo de tabuleiro tentando ver quem chega primeiro. Sou ser humano, dotado de consciencia, alma, sentimentos? Ou serei apenas um brinquedo, um bonequinho de voodoo que alguém pode controlar. Como disse Fernanda Takai, Eu quis ser eu mesmo/Eu quis ser alguém/Mas sou como os outros/Que não são ninguém. Então, se sou igual, por que tanta complicação? Por que me sinto assim, tão deslocada e quando tento me encaixar sinto que estou deixando de ser eu? Mais do mesmo, mais do mesmo... sou simplesmente isso, mais do mesmo e fico sem saber pra onde vou. Se devo serguir na mesma direção ou se corro pelo lado contrário. Tanta ladainha e nenhuma atitude. Continuo no meu emprego, fazendo o que meus chefes me mandam. Continuo tentando manter um relacionamento, talvez mais por medo da solidão do que por amor, não sei, continuo negando um prato de comida para um necessitado e pagando cerveja para amigos que na semana seguinte poderão me retribuir.
(...)
Esse texto foi mais um texto vazio de tantos e tantos que escrevo, pois ele é apenas uma valvula de escape, como todo este blog, apenas para eu não explodir. É uma subida à superficie para respirar antes de voltar para o fundo.
Até quando voltarei para o fundo?

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Nem todos os contos são de fadas


TUM TUM TUM

Luka abriu os olhos.

TUM TUM TUM

Aos poucos foi percebendo que o som vinha da porta.

TUM TUM TUM

Alguém batia desesperadamente na porta. Pegou o celular e viu que ainda eram 4h da manhã. “Quem estaria ali?”

Levantou ainda com sono, se embrulhou com o lençol, foi, bocejando, até a porta, olhou pelo olho mágico.

O susto que levou fez cair seu lençol. Como Mara poderia estar lá? Deveria estar a milhares de quilômetros dali. O que a fez bater, assim tão desesperadamente, sua porta às 4h da manhã?

Abriu a porta com cuidado e Mara entrou apressada. Sentou-se. A perna nervosa entrou em ação.

Mara balançava aquela perna e Luka não conseguia parar de olhar. Mara finalmente disse:

- Não podia ir assim, não podia mesmo. Tinha que esclarecer a situação.

- Você tinha que estar no avião agora... Não tem nenhuma situação que deve ser esclarecida.

- Isso está errado, não devia ser assim.

- O que você quer que eu faça? As coisas aconteceram assim! Tudo isso é fruto do que a gente escolheu.

- Não, não, não. Eu não tive escolha. Tive que aceitar as coisas como caíram no meu colo.

- Claro que não – Luka já tinha um tom de voz alterado – No mínimo você podia se rebelar e dizer que não era isso que você queria. Mas não. Você escolheu aceitar.

- Se eu fizesse isso eu ficaria sem ter morar.

- Toda escolha tem consequências. Se você se rebelasse, seria expulsa de casa. Escolheu aceitar tudo, então agüenta as consequências.

Mara, se levantou, caminhou até onde Luka sentava, ajoelhou-se e debruçou-se sobre seus joelhos. Luka sentiu seus joelhos molhados, segurou o rosto de Mara, levantou-o docemente e sentiu as lágrimas.

- Mara, não faz isso. Vai embora, vai. Você tem que viajar. Muita coisa te espera lá do outro lado do mundo.

- Mas eu não quero. Eu sei que eu não vou ser feliz.

- Então por que você escolheu ir? – Luka agora aproximava seu rosto ao de Mara. Sentiam agora a respiração uma da outra, estava forte, quente. Luka sentiu o corpo de Mara estremecer e sua pele ficar arrepiada.

- Luka, não me manda embora. Deixa eu ficar aqui, contigo. – Mara aproximou ainda mais sua boca da boca de Luka. Ela esperava uma reação, mas Luka nada.

- Mara – Luka segurou os pulsos de Mara – Eu não consigo simplesmente fingir que você não escolheu ir embora. Você escolheu, e eu to tentando me acostumar com isso. O que você quer que eu faça? Te aceite de volta, assim? E se daqui a pouco tiver outra pressãozinha? Lá vou eu pra merda de novo.

Mara olhava para Luka com os olhos marejados. Ela não sabia o que responder. Sabia que Luka tinha razão. Por que baixaria a guarda de novo? Mara só podia chorar.

- Eu sei que eu fiz merda. Eu sei que eu estraguei tudo. Tava tudo lindo demais pra ser verdade. Mas eu não vou conseguir ir embora e te deixar aqui. Eu te amo.

- Isso é jogo sujo! – Luka levantou-se deixando Mara no chão – Eu já chorei, gritei, joguei coisas na parede, soquei o travesseiro, tudo. Logo agora que eu tava começando a me acostumar com a ideia de não te ter você, você volta falando essas coisas. Isso não é justo. Você não sabe pelo que eu passei nesse apartamento, só, em desempero. E agora você quer voltar assim, do nada.

- Eu já te disse que eu to arrependida! O que mais você quer que eu faça? Implore?

- Não. Eu quero que você vá embora, pegue o avião e siga o caminho que você escolheu. Não adianta. Se eu te aceitasse de volta eu ia viver com medo de que você mudasse de opinião de novo e resolvesse ir embora. Eu já passei por isso uma vez e sinceramente, não quero passar de novo. Vai embora, vai.

- Me dá mais uma chance. – Mara levantou-se, e foi na direção de Luka, tentando abraçá-la. -Dá mais uma chance pra nós. A gente pode ser feliz.

- Não! Eu não quero isso de novo. – Luka desvia do abraço.

- Você não entende o meu lado, né? Você sempre soube quem você é, o que você quer, do que você gosta. Mas comigo não foi assim.

- Ah! Lá vem esse papo de novo!

- Mas é verdade! Você tem noção do que é ter uma ideia formada, saber quem você é e de repente tudo muda e você não sabe mais quem você é?

- Você acha que eu não passei por isso, né? Você acha que eu nunca tive dúvidas na minha cabeça. Sabe qual a diferença entre nós? É que eu aceitei as consequências das minhas escolhas. Eu lutei pelo que eu queria e mesmo com um monte de gente me olhando torto e me ameaçando, eu decidir fazer o que eu tinha vontade. Decidi amar quem eu quisesse e não quem a sociedade disse que era melhor eu amar.

- Mas você é uma pessoa independente! Pode fazer o que quiser da sua vida. Mas eu não. Sou só uma patricinha mimada pelos pais.

- E vai continuar sendo. Você acha que sempre foi assim pra mim? Eu tive que aprender a viver só, eu lutei e não morri por ficar uma semana sem chuveiro quente. Meus pais também me expulsaram de casa. Eu sofri, mas venci e hoje em dia eles aceitam que eu os visite de vez em quando. Mas você não pode fazer isso, você não pode abrir mão do seu conforto, né? Então vai, vai pra Europa, vai, foge e me deixa aqui.

Luka foi em direção à porta, abriu e ficou esperando Mara sair. Mara estava com os olhos cheios de lágrimas. Olhava tristemente para a Luka, que tentava manter a decisão dura e a expressão fria.

- Você pode está cometendo um grande erro. – Disse Mara, se dirigindo também à porta.

- Eu sei. E se eu estiver, vou saber lidar com as consequências. – Luka apontou o caminho da porta. Mara finalmente saiu. Luka respirou fundo e fechou a porta.

Do lado de fora, Mara chorou desesperadamente por uma hora, sentada no chão do corredor, levantou-se, limpou o rosto e foi para o aeroporto, ainda soluçando, angustiada.

Do lado de dentro, Luka foi para a cama, e na tentativa de conseguir dormi, tomou alguns calmante. Mas Luka exagerou, e não voltaria a acordar. Nunca mais.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Apenas para descontrair... HEHEHE




BRINDE DAS MULHERES

"-Um brinde a nós mulheres, portadoras da sedução q nenhum FDP sabe dar valor

-Q os nossos sejam nossos

-Q os delas sejam nossos

(QUE ELAS NUNCA SAIBAM QUE OS DELAS SÃO NOSSOS)

-Q os nossos NUNCA sejam delas, e se forem, que BROCHEM!

-Bebo pq vejo no fundo desse copo a imagem do homem amado, "MORRE AFOGADO FDP DESGRAÇADO!!"

-Deus é 10, Romário é 11, Whiski é 12, Zagallo é 13 e acima de 14 eu to pegando

-Q nossos filhos tenham mães lindas e pais gostosos

-Q nosso marido seja rico, q os nossos amantes sejam gostosos e q eles nunca se encontrem

-Q Deus abençoe os homens bonitos, e os feios se tiver tempo

-Q nossas dores de cotovelo sejam por tombos

-Q nossos pés-na-bunda sirvam pra nos mostrar q estamos sempre na frente

-Q sempre sobre, q nunca nos falte e q a gente dê conta de todos.

Amém!"

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Relatos de uma tarde de segunda feira.

Por Adriana Melo

A cidade está preguiçosa,
O ar está devagar,
O sol está espreguiçando,
Os carros estão dormindo.
Quase que eu fico na rua e não entro no trabalho.
Aqui (no trabalho) as paredes são frias,
A humanização ta dentro do PC,
As pessoas são teimosas,
Teimam em não perder o fiozinho de ser humano que ainda sobra,
Comentando trivialidades da pós-modernidade,
Sem se dar conta do que é.
E o meu coração está vagando,
Minha cabeça rodopiando,
Não consigo, ou não quero trabalhar.
Tem um elevador dentro de mim
Como se eu esperasse o primeiro namoradinho no portão da casa que nunca tive
Como se algo fosse acontecer, sem previsão.