quarta-feira, 1 de agosto de 2012

SOMOS TODAS PUTAS. O QUE MUDA É A FORMA DE PAGAMENTO.



"Quem gosta de homem é viado. Mulher gosta é de dinheiro."
"Mulher tem que se valorizar, não pode sair por aí, dando pra qualquer um"
"Ai, menina, casando você tem mais segurança e estabilidade"
"Tem mulher pra ficar e mulher pra namorar. Você vai querer ser qual delas?"
Com esses "ditos populares" somos ensinadas a vender nosso corpo todos os dias.
Não podemos fazer sexo por prazer. apenas homens fazem isso. Temos que fazer sexo pra conseguir dinheiro, jantares, carinho, proteção.
Para nós mulheres, o sexo em si nunca se justifica. Tem que ter alguma outra rezão. Sempre. Sexo como moeda de troca.
Concordo que meu corpo é um templo e eu tenho que preserva-lo. NOSSO CORPO É UM TEMPLO, e isso independe de gênero. Mas ainda assim é meu e cabe a mim administra-lo. E não cabe a ninguém julgar o que faço com ele, seja sexo ou celibato, seja silicone ou comer muitos e muitos e muitos hamburguers.

Mas sério. Se puta (uma profissão como qualquer outra) é quem faz sexo por dinheiro, porque sou chamada de puta se faço sexo pelo sexo enquanto que aquelas que fazem sexo para conseguir estabilidade, companhia, proteção é chamada de mulher direita?

Será que um dia entenderei?

quinta-feira, 26 de julho de 2012


Há algo crescendo dentro de mim.
Quando mais reflexão há, mais cresce.
Me corroi. Está me devorando viva. Como um parasita que imagino ter surgido do nada, mas que no fundo, bem no fundo, sei exatamente o momento em que se instalou.
Minhas roupas estão ficando apertadas. Já não caibo em mim de tanto rancor.
Os bons conselhos dizem para eu seguir em frente, esquecer. Seguir minha vida que como o nome deveria sugerir, pertence só a mim mesma.
Tento. Finjo. Mas como ratos sobre o forro da casa, esses sentimentos estão aqui, ora silenciosos, ora berrantes.
Por mais que minha vida siga seu rumo, os pesadelos permanecem.
O rancor fica aqui dentro, me consumindo. Mas a raiva, bem, esta sinto apenas de mim mesmo. Sim. Sinto rancor por outrem, mas raiva apenas deste miúdo ser que escreve. Raiva por ter sido conivente com tanto sofrimento, com tanta humilhação, tudo isso em nome de um sentimento que atualmente questiono a existência. Se não existe o amor, apenas provas de amor, então não existia nada, pois as provas não foram dadas, e passei por tudo isso à toa.
Hoje, tento me livrar do rancor e da raiva. Purificar-me novamente. Talvez voltar a acreditar.
Tento me convencer que a melhor vingança será a minha felicidade plena. E assim sigo, buscando serenidade.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

A canção dos homens



Quando uma mulher de certa tribo da África sabe que está grávida, segue para a selva com outras mulheres, e juntas rezam e meditam até que aparece “A canção da criança”.

Quando nasce a criança, a comunidade se junta e lhe cantam sua canção. Logo, quando a criança começa sua educação, o povo se junta e lhe canta a sua canção.
Quando se torna adulto, a gente se junta novamente e canta.
Quando chega o momento de seu casamento, a pessoa escuta sua canção.

Finalmente, quando a sua alma está para ir-se deste mundo, a família e amigos aproximam-se e, como em seu nascimento, cantam sua canção para acompanhá-la na “viagem”.

Nesta tribo da África, tem outra ocasião na qual os homens cantam a canção.
Se em algum momento da vida a pessoa comete um crime ou um ato social aberrante, levam-no até o centro do povoado e a gente da comunidade forma um círculo ao seu redor. 
Então lhe cantam “sua canção.”

A tribo reconhece que a correção para as condutas antisociais não é o castigo; é o amor e a lembrança de sua verdadeira identidade. Quando reconhecemos nossa própria canção, já não temos desejo nem necessidade de prejudicar ninguém.

Teus amigos conhecem a “tua canção”. E a cantam quando a esqueces. Aqueles que te amam não podem ser enganados pelos erros que cometes, ou as escuras imagens que mostras aos demais. Eles recordam tua beleza quanto te sentes feio, tua totalidade quando estás quebrado, tua inocência quando te sentes culpado e teu propósito quando estás confuso.

Tolba Phanem
Poetisa Africana

segunda-feira, 19 de março de 2012

Apocalipse Zumbi

Há muitos zumbis por aí.
Não estão vivas, apenas andam.
Não tem inteligência, apenas fazem o que todos fazem, uma espécie de instinto.
Estão apodrecendo por dentro.
Querem te pegar, sugar a tua vida, te puxar pro mundo delas e fazer você acreditar que não tem mais jeito.

A diferença de um apocalipse zumbi agora é que eu poderia atirar nas cabeças delas sem ser preso. Aliás, seria considerado um herói.

By Jhonny Russel, escritor desse blog aqui, em uma mesa de bar.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Todo esse sangue que vejo por aí está por aqui também?

Em casa, cozinhando, a faca, num desvio descuidado golpeia meu dedo. Foi então que dele começou a verter um líquido. Não rubro como esperava, mas transparente.
As crianças rapidamente chegaram aos meus pés e eu dei de beber a elas o líquido que vertia de meus dedos.
Elas bebiam como se fosse mel.
E aos poucos foram ficando sonolenta, lentas, sonos, dormiram ali mesmo, no chão da cozinha. 
Curiosa, provei do líquido e minha língua adormeceu.
Foi então que entendi.
Tantos anos vendo tudo que acontecia ao meu redor. Vendo pessoas morrendo, vendo estupros absolvidos, vendo a justiça comprada. 
Tantos anos vendo meu sonho se afastar de mim, vendo tudo ser tirado de quem realmente necessitava, e sendo dado a quem já tinha tudo, numa espécie de Robin Hood ao contrário. E vi tudo isso sem mover um dedo sequer. 
Assisti impassível, durante anos, toda a injustiça que me cercava, reclamando com meus semelhantes, mas sem nunca fazer nada para mudar a cena. E todos ao meu redor fazendo o mesmo que eu.
Finalmente entendi, quando preferi rir ao chorar, ler a piada ao ler o artigo sobre drogas e a infância.
Entendi.
Das minhas veias... Não... Das veias de toda a minha geração não vertia sangue.
Nas nossas veias não tinha sangue... existia Xilocaína.