quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Um lugar para as lágrimas.


Tenho andado com muita pressa. Não tenho aonde chegar.

Preciso de uma tarde de choro. Preciso chorar sem motivos, sabe, para descarregar minha alma. Senão poderei explodir.

As pessoa têm explodido, não sabem o porquê. Eu sei. As almas, elas estão carregadas, elas não sabem como se descarrega.

Elas reclamam que estão gordas, reclamam de dor de cabeça, reclamam de dores nas costas, e não percebem que tudo isso é porque estão carregando muito peso.

Eu estou gorda, estou com dor de cabeça, com dor nas costas.

Preciso chorar.

Tantas coisas aconteceram em minha vida e no mundo, coisas importantes, mas não chorei, ou melhor, chorei, mas não o suficiente para a ocasião.

Um amor quebrado e jogado fora como um sapato que não coube mais.

Uma vitória alcançada, entre tantas derrotas.

Uma volta por cima.

Uma tentativa de recomeço.

Uma frustração dessa tentativa.

Um novo começo que não é um recomeço.

Um não, e mais uma derrota para a coleção.

Tantas coisas importantes sendo levadas como cotidianas.

Será que estou perdendo minha sensibilidade?

Eis uma das coisas mais preciosas pra mim.

Ao lado da inocência.

Onde posso me refugiar?

Onde vou encontrar lugares para poder sentar e chorar sem que ninguém me pergunte “Por que você está chorando?”?

Quem souber, me salve!

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Relações


Sempre que ele procurava por ela, ela não estava. A porta do quarto trancada era a privacidade que ela queria. Ele buscava dar valor pois sabia que o tempo era curto. Outras pessoas atravessavam sua fortaleza, ele olhava de longe, desejando fazer parte daquela vida.
Ele fechava os olhos e, com dor, lembrava do dia em que a perdeu. Ele quebrou as regras e ela se trancou no seu mundo, protegendo-se.
Ele lembrava dela dormindo como um anjo, ele apreciando sua face atravéz do mosqueteiro cor-de-rosa.
A pouca idade dela não era argumento que poderia ser usado. Ela não derrama uma lágrima, e se esforçava para ser merecedora do que queria.
Ele a observava de longe, poucos sabiam o motivo de sua tristeza.
Ela preferia um estranho a ele, como companhia. Mas ele se manteve ali, ao lado da porta dela, com esperança viva e forte.
O tempo passando, ela se tornando uma bela mulher. Ele ficando mais velho, se tornava cada vez mais apagado. Mas ele ainda tinha esperanças.
Chegou o dia em que ela sairia de casa. Fez as malas e sorridente se despediu dos pais. Eles a abençoaram. Ele olhava a cena sentado à mesa da cozinha.
Quando ela caminhou em direção à porta de saída, olhou-o de canto de olho e perguntou se ele poderia ajuda-la com a mala, que estava pesada.
Uma luz tomou conta de seu ser. Ele havia triunfado, e o dia do perdão chegou.
Já no carro, ela o abraçou docemente dizendo que sentiria falta da participação a distancia, que ele tinha em sua vida.
Novamente ele sorriu, beijou sua testa, fechou o porta-malas.
O carro saiu da garagem e seguiu viagem. Ele voltou à porta de casa, e abraçou a mãe, que olhava com lágrimas nos olhos sua outra filha que partia. Ele sorriu abobadamente tendo certeza de quem era amado.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Plus un clouple


Ela adorava um bom conhaque, com um Engove antes e outro depois.
Ele adorava o Senhor, e acreditava que "Só Jesus Salva".
Se conheceram no AA. Ele coordenava, era o primeiro dia dela.
Ela acreditava que só depois do sexo pode-se saber o quanto se gosta de alguém.
Ele era virgem, queria se casar assim. Tinha uma noiva há sete anos.
Os olhares trocados foram fatais.
Os dois empregos que ela tinha a deixavam com olheiras.
Os pais dele haviam construídouma vida estável que ele herdaria.
O primeiro beijo foi perto da máquina de café, depois de uma reuniãoquase vazia.

Ele terminou com a noiva alegando imaturidade.

Ela largou um emprego e foi fazer mestrado.

Sairam juntos algumas vezes.

Ela frequantava a igreja uma vez por semana.

Ele fazia sexo oral nela.

Os dois pareciam felizes e até falaram em alugar um apartamento, em um bebê dos dois.

Mas ela precisava do sexo pra saber o quanto gostava dele.

Ele queria casar o mais rápido possível, pois não agentava mais sua virgendade.

Por mais bonita que fosse a relação, ela chegou ao fim.

Ninguém entendeu.

Já separados, ela chegou à reunião do AA com um olho roxo. Havia bebido naquela noite.

Ele quiz saber o que tinha acontecido, se julgava amigo dela, mas ela não achava o mesmo e mandou ele tomar no cu, cheirando à vodka barata.

Ele jurou que a ajudaria, mesmo que ela não quisesse.

Correu atraz de motivos, enquanto ela ia cada vez menos às reuniões.

Ele sonhava, ainda, com os dois casados.

Ela dava pra qualquer um num beco qualquer, e depois descobriria que não sentia nada por eles.

Um dia, ele percebeu que sua missão era maior. Que ele teria que salva-la dela mesmo.

Ele foi ao apartamento dela e esperou ela chegar.

a escuridão e o alcool nas veias não deixaram que ela percebece nenhum movimento estranho.

Aos poucos, vewias foram se abrindo e sangue foi escorrendo.

Ele decidiu mata-la, pois só assim ela encontraria sua salvação, mesmo que ele perdesse o paraíso.

Mas na hora H, o sangue escorrido era o dele. Ele percebeu que se ela o visse morto, mudaria tudo.

Ele teria dado a vida para salvar outra. Teria cumprido sua missão.

E se falhasse, não mereceria nem mais a vida enm mais o paraíso.

Hoje ela orienta o grupo dos AA, no logar dele.

EStá a quatro anos sem beber.

A tarde, da aula em uma creche e molesta as crianças, quando completam dez anos.