segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

NÚPCIAS


Ela estava linda de véu e branco. Os olhos dele brilhavam como nunca. Sorriso e canções embalavam a noite sublime de total entrega.
Beijos e desejos traziam, da madrugada, toda solenidade que o evento merecia. A beira-mar, numa noite cheia de estrelas, luzes ao longe e silêncio total. A entrega finalmente seria completa e um seria do outro como nunca foram antes. A pureza dela contrastava com a experiência dele, materializados pelas vestes de cada um.
Mais que de repente, o branco ganha uma mancha vermelha que foi se espalhando e tomando toda pureza antes declarada, em um todo de pecado e luxúria. Ele agora se portava como uma criança e chorava com o polegar na sua boca. Ela o segurava firme no colo, como quem segura um bebê para dar-lhe de mamar.
Ele chorando, ela, o confortando, com aquele vestido mesclado de pureza e pecado. A pele havia se rompido. Era somente o que faltava. Todas as outras formas de prazer já eram cotidianas, mas ele não sabia. Ele havia se mantido puro até o último segundo. Ela luxava mantendo o da frente para aquele que seria seu marido.
A noite se acabara assim:
Ela virgem, mas não casta e ele casto, porém, tendo suas próprias mãos lhe tirado a virgindade.
Apenas aparências como termômetro da consciência.
Não foi como havia de ser?

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Apenas por mim





Alguém sabe o quanto eu caminhei? Ou melhor, o quanto eu nadei num rio de lágrimas produzidas por mim mesma, antes de perceber que eu estava me afogando, como Alice?
Apenas EU, minha pessoa.
O mundo, com todos seus Big Brothers, pensam conhecer, entender, mas não há, nunca houve uma câmera na nossa cabeça.
Mesmo com o implante ZOE, apenas o que dão defeito podem me conhecer pessoalmente.
Apenas a minha mente me liberta, apenas minha imaginação é capaz de me mostrar o que é real.
Trabalho, estudo, voto, compro, ajo, mas minha mente, essa ninguém poderá aprisionar.
Tenho chorado, muito, tenho envelhecido dez semanas nas ultimas horas.
Até que um estalar de dedos me desperta para o que é real: minha mente, meu ego, meu id. Deixo meu superego de lado, ele não serve pra mim. Ninguém tem o direito de me punir por eu ser quem eu sou, se eu não prejudico a ninguém além de mim mesma.
Isso se é que eu me prejudico...
Pode ser que o seu remédio seja o meu veneno. Não tenho como eu saber se eu não provar, se eu não experimentar.
Minha mente, hoje, grita em festa.... EUREKA!
Acho que encontrei!!!