sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Café


Enquanto ela fazia o café, dançava pra lá e pra cá ao som de uma música invisível. Seus pés mal chegavam a tocar o chão. Dizia que as borboletas em seu estômago a levariam até o céu. Foi até a janela e suspirou fundo, como quem traga a vida em pétalas que brotavam de sua varanda.
O outro, deitado e com o peito descoberto, olhava para o teto fixamente. “Fiz merda!” ele pensava. “Mas foi a melhor coisa que já fiz na minha vida!”.
Um sino suave vinha da rua. Aquela manhã tinha uma cor tão própria que ela nem acreditava que tudo aquilo era real.
O perfume do café invadiu o bairro todo. Todos podiam sentir a felicidade que ela sentia. Ao respirar aquele arom0,a todos podiam sentir mais forte o sangue em suas veias e eram tomados pelo estranho instinto de dizer “eu te amo” para quem realmente amavam.
Ele levantou-se, vestiu a camisa e, descalço, caminhou até a cozinha. Encontrou-a bailando uma valsa. Sorriu, tomou-a em seus braços e pôs-se a bailar também. Dançaram ao som da música invisível e sorriram e dançaram e sorriram.
Como crianças que adoram espiar o presente antes de ganharem, foram ao quarto e olharam mais uma vez a mochila cheia de peças e ferramentas. Eles foram até lá e fizeram o que era preciso fazer, agora era só aguardar o estrondo.
Tomaram café como quem bebe felicidade. Em suas veias, o sangue corria forte. Sim, eles estavam vivos. Podiam sentir. Saíram da morosidade cotidiana para lutar pelo que acreditavam e sentiam que poderiam chegar até o céu. Eles podem.

Um comentário:

VAN disse...

viva esse café com canela e uma pitada de hortelã só pra dar um charme...