quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Eva

Ela, sentada no consultório médico, esperando sua vez de ser atendida, imaginava que tipo de doença poderia ter.
Imaginava câncer que um câncer em estágio terminal dominava seu intestino.
Imaginava que uma ulcera do tamanho de um limão, em seu estômago.
Imaginava um efisema no seu pulmão direito, que teria adquido por conviver com fumantes, malditos amigos fumantes.
Imaginava que uma gangrena interna se alastrava por todo seu corpo.
Imaginava um coágulo no seu cérebro
Imaginava o entupimento de uma artéria.
Seus vinte anos não transpareciam seu pessimismo.
Havia acompanhado, angustiada, o caso Eloáh, e espera para conhecer o assassino da menina que foi encontrada na mala, em Curitiba. É socialmente preocupada, mas em silêncio, deseja que o ônibus que está viajando sofra um acidente e exploda.
Não era internada desde seus quatro anos e a única doença que teve, desde então, foram algumas dores de cabeça, por ficar muito tempo no sol. Sequer uma cárie havia tido.
Agora, lá estava ela, na sala de espera do hospital. Era um exame de admição para seu novo emprego, em que receberia um salário mínimo + vale-transporte. Suficiente para ela que morava com os pais e não tinha gostos caros.
- Eva Maria Nunes Silva.
Ela se levantou e entrou no consultório do clínico geral.
Ele fez muitas perguntas, olhou seus olhos e sua língua e leu o resultado dos exames de sangue, urina e fezes; exigidos pela empresa.
A consulta durou 15 minutos. Ela falava de alguns sintomas estranhos, que poderia ter apenas imaginado, e demonstrava preocupação com a saúde, sendo que no fundo, desejava uma doença que a matasse vagarosamente.
Saiu do consultório de tal forma que seus pés não tocavam o chão. O salário que receberia já não era suficiente. A doença que desejara, teria nome e sobrenome. Eva estava grávida.

Um comentário:

João Paulo Guimarães disse...

não quero me rpeciptar Lívia, mas o ano que vem promete em relação ao Teatro Mágico. Vamos colocar assim. Eu to começando a criar uma espectativa. hehehehehehehe. Não perca as esperanças