sábado, 31 de janeiro de 2009

As chaves


Perdi as chaves de casa, não sei se as deixei dentro do vaso, ou em qualquer lugar indefinido. Mas não as encontro em lugar algum.
Desde então, quando chego em casa, tenho que ficar gritando, lá de baixo, pra janela que tem luz, pra ver se me ouvem e vêm abrir a porta pra mim.
Eles demoram, mas sempre vêm.
Mas hoje quis fazer diferente, fui do trabalho pra um bar, beber algo, estava precisando espairecer. Bebi duas cervejas, sozinha. Não faltou quem me oferecesse companhia, mas não precisava disso naquele dia, minha companhia perfeita estava ali, era a minha mente.
Conversamos sobre o futuro do planeta, sobre o inconsciente coletivo, definimos pessoas que não conhecíamos apenas pelo seu jeito de se vestir, indagamos sobre quem seria o próximo eliminado do Big Brother, falamos sobre paixões e sexo, rimos bastante cada vez que um estranho voltava pra sua mesa, sem sucesso na conquista, e nos perguntamos o que estaríamos fazendo em um bar em pela terça feira, a uma da madrugada, e fizemos o mesmo questionamento sobre todas as outras pessoas do local. Parecia que metade da cidade havia escolhido aquele dia para ser seu dia de revoltar-se.
Sou muito fraca e duas cervejas já me deixaram tonta, não tinha condições de voltar pra casa dirigindo, mas isso não seria problema, afinal, não tenho carro. Mas era tarde pra voltar de ônibus. Peguei um táxi. O homem que dirigia tentava puxar assunto sobre o transito, sobre o tempo e sobre política, eu respondia suas questões, mostrando-se sempre bem interada e interessada. Ao chegarmos paguei a conta, sem questionar, apesar de ter achado um absurdo, e que ele poderia ter pegado um caminho menor. Entrei, subi as escadas, revirando minha bolsa a procura da chave. Não havia nenhuma janela com a luz acesa. Não achei a chave, fui caindo e caindo, deitei-me no chão e ali dormi, pensando que deverias haver coisas piores do que dormi ao relento, de bêbada. Pois tinha certeza que no outro dia, eu teria minha casa, meu chuveiro, meu café da manhã, meu trabalho, minha rotina.

Um comentário:

João Paulo Guimarães disse...

tava lendo teu comentario no ob sobre o sindicato. eu fiquei invergonhado da forma como ele foi recebido lá pelo tal do gazolla e do tal rolim, até onde eu sei eles saum a mesma pessoa. Vim aqui te dizer que a classe de publicitarios em belém não vai se unir por um objetivo comum por que simplesmente a classe tem objetivos separados e diferentes. Todo mundo quer seu nome e rosto aparecendo numa especie de festa mas naum numa organização em prol de melhorias. Prova disso é uma opinião como a tua ser desmerecida assim sem mais nem menos num blog conceituado com o OB. Eu sinto muito por nós. Ontem teve reunião do sindicato apenas dos departamentos financeiros. Vamos ver o que se resolveu e ver se vão aparecer melhorias. Parabens por ser uma criança de 21 bastante adulta. Abração!