sábado, 8 de outubro de 2011
Eu te amo
terça-feira, 27 de setembro de 2011
E a paixão?
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Café
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Ela (eu)
terça-feira, 28 de junho de 2011
pequena epifania de uma manha despretensiosa.
sexta-feira, 11 de março de 2011
quinta-feira, 10 de março de 2011
(...)
Sentada durante uma forte chuva no penúltimo banco de um ônibus quase vazio. Um de seus ocupantes preenchia todo o ambiente com o som de Meteoro da Paixão de Luan Santana que saia de seu celular comprado de 10 vezes sem juros na Yamada. Do lado de fora, as luzes amarelas nos postes faziam a água da chuva brilhar, eram gotas douradas caindo em meio a noite escura. Vez por outra, uma pessoa corria querendo abrigo. Um casal que dividia a mesma sombrinha na parada de ônibus subiu e sentou a minha frente. Eles estavam apaixonados e não parava, de acariciar o rosto um do outro e trocar beijos, ora curtos, ora longos. Não pude evitar pensar quanto tempo aquela empolgação duraria. Eu já passei por isso, alias quem nunca passou? Agora tocava “Panamericano” no celular de 10 vezes. Will entrou naquele momento, usando uma bermuda caqui, uma blusa tipo “Quem vai ao Pará, parou. Tomou açaí, ficou”. Típico turista. Não estava acostumando com os temporais comuns por aqui. Sentou-se ao meu lado, molhado, assustado. Discretamente, abaixei minha cabeça e sorri. Will era lindo aos meus olhos. Alto, magro, cabelos ruivos e cacheados, barba e olhos negros. Aos poucos fui adormecendo sentindo o calor que irradiava de seu corpo. Apenas me lembro quando minha cabeça pendeu para o lado, ficando apoiada em seu ombro. Ele não protestou, então fiquei ali sentindo o cheiro de sua pele.
Chegada a minha parada, dei sinal. Will desceu logo em seguida. Caminhei com meu coração batendo forte, senti que ele me seguia. Ele apertou o passo, ficou ao meu lado, olhou nos meus olhos e deu um leve sorriso. Esse homem me queria tanto quanto eu a ele. Caminhei aflita, entrei numa rua bem escura, ele veio ao meu lado. A umidade entre minhas pernas nesse momento já dificultava meu caminhar. Encontrei o lugar perfeito, no vão entre uma casa e outra. Segurei sua blusa e o puxei para lá.
Ele me beijou fortemente, a boca, o pescoço, os seios. Eu o apertava contra meu corpo. Desabotoou a bermuda, levantou minha saia, abaixou sua cueca apenas o suficiente, puxou minha calcinha de lado. Transamos enlouquecidamente. Um, dois, três orgasmos e ainda não havia acabado. Beijos, mordidas, apertões e o delicioso “in-out”.
Ele gozou com gemido forte e seco, apoiou-se na parede, sorriu e finalmente falou.
- Will.
- Lia.
Passei a mão nos meus cabelos, arrumei minha blusa e minha saia.
Saí de lá o mais rápido possível, pensando (finalmente) na loucura que havia feito.
Momentos assim não tem preço.
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Platônico
Todos os dias ela subia para o ônibus. Roupas leves, cabelos molhados, maquiagem fraquinha e o seu perfume – nossa, que perfume! Já havia pesquisado, era Egeo, do Boticário. Sentava-se sempre no lugar a minha frente. Seu cheiro me inebriava durante toda a viagem. Às vezes ouvia música (e cantarolava), às vezes lia, às vezes falava com a mãe ao telefone (sua voz não era aguda nem grave, nem alta nem baixa, perfeita), às vezes não fazia nada, apenas ficava vendo as ruas passarem, sem prestar atenção em nada. Às vezes (bem raro) ela chorava. Sentia vontade de encostar seu rosto no meu ombro e consolá-la “Não fique triste que esse mundo é todo seu” dizia a música, e ela é, com certeza, mais bela que qualquer camélia que eu tinha visto.
Descia sempre em frente a um prédio comercial. Fico imaginando em que ela trabalharia.
Hoje, porém, tinha um paquiderme no seu lugar. Vi quando ele entrou, quase o proíbo de sentar ali, naquele lugar sagrado, mas eu não podia fazer nada. Ela sentou lá atrás. A viagem foi quase insuportável sem o cheiro dela, imaginar que outro estava sentindo o seu perfume quando deveria ser eu.
Acalme-se, rapaz. Amanhã ela sentará no seu lugar de sempre. Você sentirá o seu perfume. O perfume que te dar forças para encarar seu duro dia.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
15 minutos.
Apenas isso. Tudo que tenho para escrever uma vida de sentimentos. Olho ao meu redor. Todos seguem finalizando seus afazeres.
O fim do dia útil.
O desejo pelo início do dia inútil me preenche.
O que ainda posso fazer?
Escrevo essas linhas sem sentido apenas pela necessidade de escrever, mas sem nenhuma história pra contar.
Gostaria de me afogar em destilados e fermentados, mas hoje, os únicos companheiros que me esperam são analgésicos e antitérmicos.
Tanto a criar, poderia escrever uma novela somente com esses dias de 2011. Um ano em um mês e eu ainda não estou satisfeita.
Estou mais velha, mas isso é assunto pra outro post, outro dia qualquer. Um dia que eu tiver mais do que somente 15 minutos.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
A verdade realmente vos libertará?
E numa mesa, no refeitório da fábrica.
- Paulo, está acontecendo alguma coisa? Eu e os rapazes te notamos muito calado o dia todo.
- É, Paulo. Ficamos preocupados.
- Conta pra gente, parceiro.
- Ai, pessoal. Ontem me aconteceu algo terrível. Nossa! Não gosto nem de lembrar.
- Mas o que foi que aconteceu assim, de tão terrível?
- Ontem eu descobri quem é de verdade a minha mulher.
- Como assim, cara?
- Lembram que ontem eu passei mal e saí mais cedo daqui?
- Sim, sim. Mas o que foi?
- Deixa eu adivinhar. Quando você chegou em casa, sua mulher estava com outro. Estou certo?
- Antes fosse, Joaquim. Antes fosse isso. Não me sentiria tão enganado, tão iludido, tão cego. O que eu descobri ontem não deveria acontecer com um homem. Não mesmo.
- Ai, Paulo, fala logo. Você está deixando todos nós agoniados.
- Ontem, amigos, descobri que minha mulher é feia.
- (em coro) Como assim?
- É, amigos. Aquela mulher linda que eu conhecia há 10 anos, aquela com quem me casei, que vocês todos conhecem, ela não existe. É uma farsa.
- Paulo, Paulo. Explica isso direito.
- Desde que eu a conheci, a achei linda. Sempre que eu a encontrava, ela parecia um botão de rosa. Uma pele alva e macia, a boca pequena e bem desenhada, cabelos presos bem arrumados e um perfume que exalava carinho. Casamos-nos e sempre aquela mulher me encantou. Durante esses 08 anos em que moramos na mesma casa, a rotina era a mesma. Ela me acordava com um beijo, com aquele hálito puro e refrescante. Eu ia tomar banho e quando chegava à mesa, ela já tinha acabado de servir o café, linda e graciosa. Vinha trabalhar e quando chegava em casa, a noite, lá estava ela, linda, perfumada, do mesmo jeitinho de quando a conheci, o jantar servido, a casa impecável. Íamos pra cama e, no escuro, fazíamos loucuras, dormíamos abraçados e no dia seguinte, eu acordava com seu doce beijo. Mas ontem foi diferente. Algo aconteceu, não sei. Cheguei mais cedo em casa, às quatro horas da tarde. Entrei em silêncio, para fazer-lhe uma surpresa, mas quem teve a surpresa fui eu. Quem estava em casa não era a minha mulher, não podia ser. Quem estava lá, de quatro, esfregando o chão, não era a mulher com quem me casei. Não! Era uma mulher horrenda, pele manchada, com muitas marcas de espinhas, olheiras escuras que pareciam de morte, lábios finos e sem cor, exalava um suor forte, quase masculino e o cabelo, não gosto nem de lembrar, todo desgrenhado. Quando aquela mulher me viu, estupefato, veio em minha direção, querendo me abraçar, sorrindo. Fiquei parado e ela sem entender nada. Ela disse, com aquela mesma voz que eu ouvia todas as noites sussurrando em meus ouvidos, que estava feliz em me ver. Ai, amigos! Não consegui dormir. A imagem daquela mulher não sai do meu pensamento.
- Nossa! Sua mulher o enganou!
- É. E sabe o que é o pior? É que eu acho que todas as mulheres são assim.
- Que é isso?! Claro que não! A minha mulher não é assim não!
- Nem a minha!
- Oxi! Muito menos a minha. Minha mulher é linda!
- É mesmo? Vocês já viram suas mulheres sem maquiagem?
- (todos)...
- Se não acreditam em mim, façam a prova. Cheguem mais cedo em casa.
- Eh... Eu, não. Tenho muito o que trabalhar aqui.
- Eu também. Tenho muito o que fazer.
- Eu também. Vou ficar aqui trabalhando, tem coisas que é melhor a gente não saber.
- É... Eu preferiria não ter sabido.